A América Latina e o Caribe necessitam de investimento, formação e tecnologias avançadas para alcançar o acesso universal à água potável e saneamento

6 October, 2023

Artigo do Fernando Díaz, Diretor do Departamento de Infraestruturas da Incatema, no Dia Interamericano da Água

O primeiro sábado de outubro é celebrado todos os anos o Dia Interamericano da Água, uma data que tem o intuito de conscientizar relativamente à importância da gestão sustentável da água em América.

Segundo os dados da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL), existem falhas significativas nesta região no tocante ao acesso universal à água potável e saneamento. O progresso no cumprimento do ODS 6, focado nesse objetivo, é lento e, às vezes, de acordo com essa organização, as tendências afastam-se dos resultados esperados até 2030. Além disso, a região é vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, a sofrer eventos climáticos extremos, como secas e inundações, e apresenta altos níveis de estresse hídrico.

Embora a América Latina e o Caribe tenham avançado no acesso à água potável e ao saneamento básico nas últimas décadas, persistem desigualdades significativas: as áreas rurais e as comunidades marginalizadas enfrentam dificuldades de acesso a serviços de qualidade. Outro problema frequente é a poluição da água, principalmente devido ao despejo de águas residuais não tratadas, à agricultura intensiva e à exploração mineira, a representar riscos para a saúde pública e o meio ambiente.

Neste contexto, é crucial salientar a relevância das infraestruturas do ciclo integrado da água para garantir a disponibilidade deste recurso finito e um acesso certo, um direito humano fundamental, pois é essencial para a saúde, a dignidade e a qualidade de vida das pessoas. Essas infraestruturas devem ser resilientes e adaptáveis às mudanças climáticas.

Desafios na execução das infraestruturas de água

Apesar da importância dessas infraestruturas, a execução delas é custosa e complexa. Requer um grande investimento financeiro, planeamento de longo prazo, adopção de tecnologias avançadas com sistemas de monitoria e tratamento mais eficientes, treinamento de recursos humanos e gestão eficiente dos recursos hídricos. A falta de financiamento é assim uma das principais barreiras para o desenvolvimento, sendo necessários recursos substanciais para atender à crescente demanda e manter a infraestrutura existente, levando à degradação dos sistemas e serviços básicos. No entanto, os benefícios a longo prazo ultrapassam os custos.

Na Incatema, estamos a trabalhar nesta região há mais de 25 anos em diversos projetos para fornecer água potável com segurança à população e criar serviços de saneamento adequados por meio de estações de tratamento de águas residuais, como temos feito no Haiti, e mais recentemente na República Dominicana. Este país, com uma população crescente e um importante setor turístico, enfrenta desafios significativos, porque, apesar de possuir abundância de recursos hídricos, algumas comunidades ainda têm dificuldades de acesso à água potável. Este é o caso na província de Santiago, onde estamos a expandir e modernizar o aqueduto de Navarrete, construindo uma estação de tratamento de água potável que atenderá sete municípios, atingindo mais de 150.000 habitantes, um projeto do Instituto Nacional de Águas Potáveis e Esgotos (INAPA).

Investir em infraestruturas do ciclo integrado da água é investir em um futuro mais saudável e próspero para todos os cidadãos. Para atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 6 e garantir o acesso equitativo e sustentável à água limpa e saneamento, a cooperação internacional e o compromisso dos governos, empresas e sociedade civil são fundamentais.