O programa ECOFISH, apoiado tecnicamente pela Incatema, cria uma rede para avaliar e mitigar o impacto da mudança climática na pesca de pequena escala no sudoeste do oceano Índico
14 July, 2022
A criação de uma rede para avaliar e mitigar o impacto da mudança climática na pesca de pequena escala no sudoeste do oceano Índico, dentro do programa ECOFISH, quer proporcionar aos países da zona os dados necessários para medir o impacto da mudança climática nos recursos pesqueiros. Uma vez obtidos, será possível identificar soluções adequadas e criar sinergias para lutar contra a mudança climática, um problema mundial, segundo declarações do secretário geral da Comissão do Oceano Índico, Vêlayoudoum Marimoutou.
A avaliação dos efeitos da mudança climática nos recursos pesqueiros da região basear-se-á em 17 séries de indicadores que incluem dados ambientais e socioeconómicos, assim como dados sobre a governança e o financiamento de ações de adaptação à mudança climática, entre outros, e oferecem uma visão global dos retos que é preciso afrontarmos.
Esta colaboração regional para fazer frente à mudança climática é especialmente relevante, já que perto de 80% dos efeitos negativos sentem-se na África, apesar de o continente apenas produzir 4% das emissões de gases de efeito de estufa.
Para além do referido, o sexto relatório de avaliação do Grupo Intergovernamental de Expertos sobre a Mudança Climática (IPCC) mostra que, entre todos os ecossistemas, os oceanos são os mais afetados. Em consequência, os pescadores que não têm a possibilidade de se deslocarem, diversificar as suas atividades e aproveitar a tecnologia para manter as capturas enfrentarão o reto da insegurança alimentar quando o peixe é a principal fonte de proteínas.
A pesca, motor da segurança alimentar em África e no Oceano Índico
A criação desta rede regional para avaliar e mitigar o impacto da mudança climática na pesca artesanal é parte dos esforços do Programa ECOFISH, financiado pela União Europeia, e apoiado pela Incatema Consulting & Engineering, cujo objetivo principal é que a pesca seja alavanca para o desenvolvimento da África oriental, África austral e a região do Oceano Índico.
Este programa é executado principalmente pela Comissão do Oceano Índico (COI), a Autoridade do Lago Tanganica (LTA) e a Organização de Pescas do Lago Victoria (LVFO), involucrando diretamente o Mercado Comum da África Oriental y do Sul (COMESA), a Comunidade da África do Leste (EAC), a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Meridional (SADC), como é referido aqui.
A rede é produto do trabalho conjunto dos responsáveis dos ministérios nacionais competentes em matéria de pescas, pessoal de instituições de investigação sobre a mudança climática, assim como os Pontos Focais Nacionais do Programa ECOFISH nas Comoras, Quénia, Madagascar, Maurício, Moçambique, Seychelles e Tanzânia.
Enquanto a segurança alimentar mundial é um assunto de primeira ordem, estes sete países reuniram-se nos passados 14 e 15 de junho de 2022 em Nairobi, para afrontar melhor o impacto da mudança climática no sector da pesca artesanal. Esta iniciativa é muito oportuna porque, se a temperatura global acrescentasse 2°C, a população de peixes do sudoeste do Oceano Índico diminuiria entre 15 e 50% respeito a 2005. Isto vai empiorar uma situação alimentar já difícil, visto que o peixe representa arredor de 17% das proteínas animais no mundo. É assim essencial a região encontrar soluções para preservar este importante recurso alimentar e económico, segundo as palavras do Vincent Degert, Embaixador da União Europeia ante a República do Maurício e a República das Seychelles.